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sábado, 5 de março de 2011

Porque sou religiosa sem religião!



Quando sou abordada por representantes desta ou daquela religião, com a costumeira e um tanto estafada frase: "Deixe-me anunciar-lhe o meu Deus", eu reservo-me o direito de me antecipar ao progresso da conversa e responder: “Obrigada, não perca o seu tempo comigo. O seu Deus não pode ser diferente do meu. Deus é único!”


Compreendo a religião, conforme  a sua raiz etimológica, como religação. Religação ao divino, ao sagrado, crescimento progressivo numa determinada direcção; evolução. E neste sentido religião é sinónimo de Universo cuja raiz é  Versus Uno, regresso ao Uno.   
Crescimento para o divino, para a Unidade. Não importa as voltas que se lhe dê, é inevitável que evoluamos, que nos religuemos… assim fomos programados.
E, se precisamos de religar-nos entende-se que houve uma separação. A separação que adveio da divisão que criou a dualidade; o Um dividiu-se em Dois como uma 
célula no processo de citocinese. “O que está em cima é como o que está em baixo”...  Yin/Yang, positivo/negativo, noite/dia, quente/frio, interior/exterior... é infinito e na medida de toda a vida energético-material. Verso e reverso da mesma moeda.
Mas este processo entendo-o como aparente. No fundo tudo está ligado. No fundo de nós mantivemo-nos ligados. A questão põe-se “à superfície”. Ou seja, ao nível do ego e da personalidade com que experienciamos esta vida. O fundo é a alma e o espírito. E estes mantiveram-se ligados.  Como por um fio condutor. O fio do Amor. Aquele aspecto da divindade que herdamos e nos permite, paulatinamente, regressar à casa do Pai. Quanto mais amor, mais próximos do divino. O amor abarca absolutamente tudo o que existe. Logo, não pode separar. É incondicional. É o bom e o mau. É tudo. É o nada. Em última análise, depende da nossa perspectiva ao mesmo tempo que independe da nossa perspectiva...


Mas religação além de “tornar a ligar” também significa “ligar melhor”.

É neste sentido que eu compreendo o papel da religião. Mas as religiões instituídas não cumprem com o objectivo último que é o de ajudar as pessoas a desenvolverem o regresso à sua natureza divina, mais ou menos adormecida, a fim de evoluírem, de se ligarem melhor, que é como quem diz, de se cumprirem como divindades… "Somos feitos à imagem e semelhança de Deus" reza a Bíblia o que pode ser interpretado, entre outras coisas, como tendo a humanidade a mesma capacidade (relativa ao nosso próprio nível de crescimento), de criar.
Criar não se esgota nos actos, nos filhos ou nas artes. Também criamos apenas quando pensamos e quando sentimos. A partir do que acreditamos ser a realidade, criamos a nossa realidade diariamente. Através das crenças, dos preconceitos. 
Somos cocriadores do Universo com os deuses… mesmo que ainda a um nível inconsciente. E é urgente, nos dias de hoje, que comecemos a ter consciência do 
que criamos, sob pena de nos deitarmos na cama que fazemos...
Enquanto as religiões (instituídas, entenda-se) proclamarem que "o meu Deus é melhor que o teu", estão a fazer a apologia da separação, da divisão entre as pessoas. É um puxa-para-trás. É desamor. É contrário à mensagem de Jesus O Cristo de que “só o amor salva”.

E, se isso "serviu" até aos dias de hoje, não servirá mais a partir de agora, pois o caminho é para a união, a desmaterialização ou desdensificação se tal palavra existe!  

E como fazê-lo? Como saber direccionar a nossa vida para um caminho mais pleno 
de amor? Mais gratificante?
Não é um livro. Não é uma pessoa. Seguramente que não é uma religião, como está provado. Geralmente são muitos livros, são muitas pessoas... geralmente, são todas as pessoas que se cruzam no nosso caminho. Quer fiquem connosco e nos acompanhem, quer o façam temporariamente, ou mesmo que desapareçam num 
ápice tal como chegaram. Quer nos amem ou nos odeiem.
Por vezes é uma simples frase, uma palavra, um gesto, um olhar. Outras, uma dor. São todos os acontecimentos.
Mantenhamos o foco, a atenção em cada momento. Presentes. Inteiros. Esse momento espelha a nossa evolução, o nosso caminho de regresso.


Filomena Nunes

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